Você já percebeu como, muitas vezes, o maior esforço não está na tarefa em si, mas em simplesmente começar? Pode ser levantar mais cedo para caminhar, abrir um livro depois de um dia cheio, trocar o celular por um caderno e escrever algumas linhas ou até mesmo preparar uma refeição saudável em vez de pedir algo pronto. Em todos esses momentos, antes da ação, surgem pensamentos que podem afastá-lo do propósito: “Estou cansado demais”, “Não tenho disciplina”.
Na psicologia, especialmente na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), trabalhamos justamente nesse espaço: o espaço entre o pensar e o fazer. É nele que a mudança de hábitos se torna possível. Quando falamos em hábitos, pensamos logo em comportamentos visíveis: acordar cedo, comer melhor, praticar atividade física, ler, meditar, dormir bem. Mas existe um campo invisível que interfere diretamente em cada passo: o pensamento.
É nesse campo que moram as desculpas, os medos e a procrastinação. Não importa se o objetivo é correr uma maratona ou ler dez páginas por dia em ambos os casos, os pensamentos podem pesar mais do que o esforço real.
Pensamentos não são ordens. Eles são apenas eventos mentais. O problema começa quando confundimos “ter um pensamento” com “precisar obedecê-lo”. Se penso “não vou dar conta de manter esse hábito”, posso acreditar que isso é um fato e, então, desistir. Mas a verdade é que esse pensamento é apenas uma nuvem que passa.
Se todas as nuvens que surgem fossem interpretadas como sinal de perigo, nunca mudaríamos nada em nossa vida. Na próxima vez que um pensamento de desistência aparecer, experimente reconhecê-lo como apenas um pensamento. Respire, volte a atenção ao seu corpo e pergunte-se: o que é mais importante para mim neste momento?
A resposta não estará no pensar, mas no fazer. E, ao repetir essa escolha diariamente, você descobre que mudar hábitos não é apenas sobre força de vontade. É sobre viver de acordo com quem você quer ser.
Ao compreender que pensamentos não são ordens, mas apenas eventos mentais, abrimos espaço para escolhas mais alinhadas ao que realmente importa. Esse é um dos princípios que norteiam o trabalho da psicóloga Luana Leal, que auxilia pessoas a lidarem melhor com a procrastinação e a desenvolverem hábitos mais consistentes.
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